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Entrevista com Dida Pachequinho

O site "Os 3 do Nordeste- À História" agradece ao ex-sanfoneiro do trio, Dida Pachequinho, por aceitar falar sobre sua passagem pelo grupo. Nessa entrevista, Dida revela como foi o convite para participar d'Os 3 do Nordeste, como foram os primeiros shows, como era a convivência com Parafuso, conta sobre sua relação com os ex-vocalistas Assum Preto e Marrom, sobre o acidente que sofreram na Bahia, entre outros assuntos.

Rosildo Isbelo de Moraes, nasceu em 1976, em Taperoá-PB e é nosso primeiro entrevistado.

ENTREVISTA

LN- Boa noite, Dida. Muito obrigado por aceitar conversar sobre sua passagem no maior trio de forró do planeta.


Dida Pachequinho- Boa noite, amigo. Você está de Parabéns pela iniciativa!


LN- Inicialmente, gostaria de saber se o seu apelido "Pachequinho" teria alguma relação como o nome do primeiro sanfoneiro do trio, Zé Pacheco?


Dida Pachequinho- Sim, total relação! É o seguinte, quando eu entrei n'Os 3 do Nordeste, comprei aquela sanfona branca que pertencia a Zé Pacheco. Os 3 do Nordeste, sempre que ia fazer uma turnê no Rio de Janeiro, frequentava uma rádio muito conhecida, para fazer divulgação. Ao entrar no estúdio dessa rádio, o apresentador falou- "Trouxeram o filho de Zé Pacheco? Vem pra cá Pachequinho!"- isso ao vivo, no ar. Aí, apelido pega rápido, no shows do Rio, todo mundo já chamava por Pachequinho e ficou até hoje.


LN- Como foi o convite para assumir a sanfona do trio?


Dida Pachequinho- O convite partiu de Lizete Veras (Produtora e viúva de Parafuso). Ela me viu tocando com Inaldete Amorim, em Campina Grande, achou meu estilo legal e me convidou pra fazer um teste. Na época, fizeram teste com mais dois sanfoneiros. Fiz o teste e voltei pra casa, nessa época eu trabalhava no fórum da minha cidade. Depois de alguns dias eu recebi um telefonema de Parafuso, avisando que no outro dia teríamos dois shows no Rio Grande do Norte. Eu fui e deu tudo certo, graças a Deus.


LN- Foi uma responsabilidade grande assumir tal posto, você se sentia totalmente preparado, aos 19 anos?


Dida Pachequinho- A responsabilidade foi enorme! Eu estava totalmente despreparado, cheguei com uma sanfoninha pequena, uma sanfona de 80 baixos, sem saber o que eu ia fazer, literalmente voando. Mas, Assum Preto meu deu muita força, muita força mesmo. Parafuso olhou pra mim e falou "Você não vai tocar com essa sanfona de 80 baixos, n'Os 3 do Nordeste ninguém nunca tocou com uma dessa"- e foi buscar a sanfona branca, que era de Zé Pacheco. Pra mim foi um susto, mas, no terceiro show eu já estava preparado.


LN- Como era o convívio com o mestre Parafuso?


Dida Pachequinho- Eu particularmente nunca vivi tão bem com uma pessoa, como com Parafuso. Ele foi um professor muito bom, a gente passou muito tempo no Rio de Janeiro e Parafuso era convidado pra fazer os vocais dos louvores, nos discos de grupos evangélicos, ele fazia uns vocais perfeitos e sempre me chamava, ele dizia- "Senta aí e vamos passar todos os vocais pra você"- Uma paciência enorme. Parafuso era uma pessoa muito boa, eu nunca tive nada para falar dele, muito pelo contrário, eu só tenho que agradecer a Deus por ter me dado o privilegio de conviver com ele, conheço poucos com tamanha pureza de coração como ele, enfim, foi meu mestre e professor.


LN- Qual foi o motivo de sua saída do trio?


Dida Pachequinho- É o seguinte, estávamos em Fortaleza, quando houve uma pequena divergência devido a questões financeiras. Mais precisamente uma incompatibilidade de ideias e, na mesma época, coincidiu que recebi uma proposta, e resolvi aceitar. Didi (Sanfoneiro e dono da Banda Brasas do Forró), me fez o convite para tocar no Brasas. Eu falei que só iria na Paraíba resolver algumas coisas e dependendo do que ficasse acertado, voltaria imediatamente para Fortaleza, e assim foi.


LN- Como foi a experiência no Brasas do Forró?


Dida Pachequinho- Eu passei pouco tempo, entrei no final de 1999 e fiquei até março, o carnaval de 2000 foi no início de março. Eu havia voltado para passar o carnaval na minha cidade e sofri um acidente de moto gravíssimo, não tive mais como voltar para banda, passei 33 dias em coma, cheguei a perder 80% da memoria e cheguei a pesar 42 kg. Não tinha mais condição de tocar.


LN- Como foi a recuperação após o acidente?


Dida Pachequinho- Pra mim foi tudo novo, né? Tive que começar do zero, reaprender a falar, andar , ler, escrever, reconhecer as pessoas. A gente acha que todo mundo é amigo, que todo mundo está do lado dá gente, mais não, a gente não conhece ninguém, a verdade é essa. A gente conhece bem pai e mãe, e sabe que eles não vão nos abandonar e, no meu caso, a minha esposa e meus sogros foram fundamentais na minha recuperação, eles me acolheram nos braços, literalmente me carregaram nos braços, me deram comida na boca. Minha esposa, na época era só namorada, me ajudou a dar os primeiros passos, a caminhar novamente. Por outro lado, serviu pra me fazer enxergar quem eram realmente as pessoas. Os "amigos" que me assistiam nos palcos, muitos dos quais aprenderam a tocar comigo e passaram a virar as costas pra mim. Os amigos que visitavam minha casa pra me ver tocar, já não iam mais. Depois que eu reaprendi a tocar, começaram a voltar as amizades, aí a gente vai abrindo os olhos, nem tudo é o que a gente espera. Resumindo, a gente vale pouco e só vale o que tem, no dia que a gente cair, pouquíssimas pessoas vão estender as mãos pra gente, a verdade é essa. Mas eu consegui conquistar tudo novamente, com muita ajuda, de poucos amigos, afinal de contas, a gente sempre consegue conquistar algumas amizades sinceras.


NOTA: Reportagem do Jornal da Paraíba sobre o acidente.

LN- Como foram as experiências com Geraldo Azevedo e Ton Oliveira?


Dida Pachequinho- Geraldo é um sonho. Como artista é um monstro e como pessoa é uma criança, um menino, você sempre estará vendo coisas bonitas com ele. Já Ton Oliveira é um dos meus ídolos, é um cara que eu aprendi muito com ele. E ele diz que aprendeu muito comigo, diz que eu fui o professor dele. No inicio, quando ele estava começando, a gente começou praticamente juntos, ele começando a tocar sanfona e eu ajudando ele, enfim, foi uma experiência muito boa.


LN- Qual o sanfoneiro que mais te inspirou a seguir essa carreira?


Dida Pachequinho- Quando eu comecei lá em Taperoá, meu ídolo era Amazan, sempre fui doido pelas coisas dele, as poesias, eu aprendi a tocar sanfona mais por conta de Amazan. A pessoa de Amazan, pra mim, é como se fosse um pai, sabe? É uma pessoa cem por cento. Se me perguntarem quem é meu ídolo na música, eu responderei que é ele, um cara atencioso, gente boa, amigo.

LN- Conte-nos algo marcante que aconteceu durante sua passagem pelo trio? Uma Viagem, um show, uma gravação!


Dida Pachequinho- A gente viajou em 1999 para o Rio de Janeiro, passamos apenas 8 dias, pois viajamos com a banda completa. Na volta, passando por Itabuna-BA, a gente parou pra comprar cacau, aquelas coisas e íamos todos brincando, cantando e eu ia deitado no banco de trás com os pés para fora do carro, aí Salonides, que era o guitarrista na época, que estava dirigindo, reclamou: "Coloque o pé pra dentro, vai que aconteça alguma coisa" , em seguida a esse dialogo, na hora que eu coloquei o pé pra dentro, ele tentou fazer uma ultrapassagem, mas precisou voltar, já que avistou um caminhão em alta velocidade, na volta à caminhoneta tombou, com os 9 integrantes dentro, quase morre todo mundo. Com escoriações, o grupo foi socorrido para Itabuna. Alguns dias depois, eu ainda mancando me dirigi ao banco para sacar dinheiro, e comprei todas as passagens de volta pra Campina Grande. Já o carro do grupo viajou em uma cegonha.


LN- Você teve a oportunidade de tocar com dois ex vocalistas do trio, Marrom e Assum Preto. Na sua opinião, qual o diferencial entre os dois?


Dida Pachequinho- Não tive a oportunidade, tive o privilégio de tocar com os dois. É uma coisa inexplicável, uma grande honra, pois foi os 3 do Nordeste que me deu nome. Inclusive, hoje, no Brasil, tem poucos cantores de forró pé de serra igual a Marrom, talvez eu não consiga contar nos dedos de uma mão, cantores bons igual a Marrom.


LN- Além de sanfoneiro, você também foi compositor de algumas músicas que foram gravadas pelo trio. Qual delas é a sua preferida?


Dida Pachequinho- As minhas composições gravadas pelo trio foram- (Nesse momento Dida cantarola o refrão de "Jeito de Amar"- 'Não empine o nariz para o mundo, sobre o que acabei de falar, pois a vida reserva para todos o jeito de amar') "Mar de rosas", "Vem Amor", "Esqueci de te Esquecer", são algumas músicas minhas gravadas por eles.


NOTA: A composição "Jeito de Amar", gravada no disco "Fim de Jogo" de 2001, com participação de Edra Veras, filha de Parafuso, já havia sido gravada no disco "Volume V" lançada no ano 2000, dos Brasas do Forró, na voz de Assum Preto. O interessante é que na versão da Banda, a música foi gravada com o nome "Quando penso em você".






Dida Pachequinho e Dominguinhos

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